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Como Vender Créditos de Carbono?

O conceito por trás dos Créditos de Carbono foi criado em 1992, no Japão, em um evento da Organização das Nações Unidas através de um compromisso multilateral entre as Nações chamado Protocolo de Kyoto. A comunidade internacional, à época, já verificava as mudanças climáticas progressivas e que precisavam ser enfrentadas de imediato. Diante da realidade de emissões de carbono cada vez maiores na atmosfera e da crescente preocupação com os danos ambientais, que poderiam vir a ser irreversíveis em um futuro próximo, além do apelo mundial pela busca da sustentabilidade nas ações humanas, se estebeleceu um limite de emissões. Era óbvio que, de um lado teríamos países altamente industrializados que excederiam esses limites e, de outro, muitos país em desenvolvimento e subdesenvolvidos que teriam emissões inferiores aos limites estabelecidos.

Nada mais justo que a criação de uma forma de "premiar" as Nações e corporações que se esforçassem e mesmo investissem para reduzir suas emissões e, assim, foi criado o conceito dos Créditos de Carbono que, em resumo é uma recompensa financeira por cada tonelada de carbono que foi deixada de ser emitida na atmosfera como resultado da atividade produtiva de determinada empresa ou país. Dessa forma, aqueles que não conseguem reduzir suas emissões podem adquirir créditos daqueles que o fazem, "compensando" suas emissões, ao mesmo tempo que financiam ações de mitigação dos efeitos climáticos incentivando Nações e companhias a reduzir suas emissões para lucrar com a venda dos créditos.

O Acordo de Paris

Embora o conceito dos Créditos de Carbono tenha surgido em 1992, foi somente 2015 com a aprovação do Acordo de Paris, que a comercialização de tais créditos passou a ter um papel realmente relevante na economia global e se tornou uma nova espécie de moeda. O Acordo de Paris estabeleceu um compromisso entre as Nações para que o aumento crescente da temperatura do planeta não ultrapassasse 2 graus célsius. A partir de então, a responsabilidade de estabelecer os limites para a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) em seus territórios passou a ser de cada país.

Para alcançar essa meta de redução de emissões de carbono, diversas formas foram desenvolvidas e, muitas se tornaram como uma espécie de padrão para o mercado por apresentarem resultados expressivos e serem de mais fácil implementação, como:

  • Desenvolvimento de projetos de reflorestamento
  • Ações de prevenção e combate ao desmatamento
  • Projetos para implantação e manutenção de usinas de energia limpa, como solares e eólicas
  • Investimento em campanhas de conscientização para que pessoas e corporações tenham atitudes mais conscientes de consumo e preservação
  • Projetos de utilização sustentável de florestas por comunidades locais
  • Uso de fontes de energia renováveis em substituição às que consomem combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) e madeira não reflorestada

Como Ocorre a Venda de Créditos de Carbono?

A maioria dos países fortemente industrializados, normalmente considerados "países desenvolvidos" não consegue atingir suas metas de emissão de carbono, o que só ocorrerá a partir da promoção e implementação de profunda modernização dos processos fabris, com a troca de tecnologias mais poluentes por tecnologias mais modernas e, por consequência, que emitem menos GEEs. Logo, esses países buscam adquirir Créditos de Carbono de outros países que, por serem subdesenvolvidos ou estarem em processo de desenvolvimento, têm índices de industrialização menores. deixando de emitir grandes volumes de carbono e gerando por sua vez créditos.

Entre sí, os países negociam os Créditos de Carbono livremente. A compra e venda internacional entre particulares, por regra é intermediada por grandes corretoras especializadas, como é o caso European Climate Exchange, corretora europeia dentre as maiores do mundo. Já a responsabilidade da regulação dos mercados internos, é de cada país, posto que há um crescimento exponencial da procura por transações com créditos para que empresas e países estejam melhor posicionados competitivamente no mercado de produtos e serviços, posto que a conscientização da comunidade global está tornando os consumidores mais exigentes quanto às práticas tanto das corporações, quanto das Nações, com relação às ações de sustentabilidade e preservação.

O Comércio Entre os Países

Entre Nações, a prática comercial mais comum é a venda direta, que é quando um país que produziu menos GEEs que a sua quota tem créditos excedentes e os vende para outro país que, por sua vez, não conseguiu reduzir suas emissões de forma satisfatória. Esse modelo de transação, denominado de unilateral, permite que haja uma forma de compensação entre os países que não atingiram suas metas e os que a superaram satisfatoriamente, mantendo na média as emissões globais dentro dos índices estabelecidos.

Implementação Conjunta

Há outro formato em franca ascensão entre os países, denominado de Implementação Conjunta, que é quando dois ou mais países através de um acordo bi ou multilateral atuam em parceria para mitigar a produção de gases de efeito estufa. Nessas situações, o mais comum é que um país desenvolvido, fortemente industrializado e com sobra de recursos financeiros e tecnológicos "invista" em outro país subdesenvolvido ou em desenvolvimento, aportando recursos e tecnologia para a redução de emissões ou para a produção de energia limpa (instalação de usinas solares e/ou eólicas), assim gerando muitos Créditos de Carbono, que são contabilizados para o país que de antemão sabe que não conseguirá atingir sua meta de redução nas emissões.

Preço dos Créditos de Carbono no Mercado Global

As mudanças climáticas crescentes e já incontestáveis têm causado grandes tragédias em vários países ao redor do mundo, com secas e inundações históricas que, além das consequências diretas para as comunidades atingidas, com perda de safras, destruição de propriedades, perda de vidas, têm causado profundas consequências indiretas de ordem financeira, com a frustração de safras e a interrupção das atividades industriais. A necessidade cada vez maior de implementação de atividades produtivas sustentáveis, somada aos esforços de Governos e companhias para a redução do desmatamento e a viabilização de projetos de reflorestamento e redução das emissões de GEEs têm imposto grande valorização ao mercado de Créditos de Carbono, com a compra e venda desses ativos se tornando extremamente lucrativas.

Entre os anos de 2018 e 2021, o mercado global de carbono teve uma valorização de mais de 180%. E, não parou por aí. De maio de 2022 a novembro de 2023, essa valorização já ultrapassou os 60%, tornando os Créditos de Carbono um dos ativos mais valorizados no mundo. A expectativa do mercado é uma valorização crescente e em percentuais cada vez maiores, considerado o aumento da conscientização dos consumidores que mostram forte tendência a optar por produtos e serviços considerados "zero emissão de GEEs", em detrimento daqueles produzidos por empresas e países que não cumprem suas metas de redução das emissões.  Em novembro de 2023 um Crédito de Carbono (equivalente a uma tonelada de carbono não emitida na atmosfera) estava cotada a € 84,00 (oitenta e quatro euros), que ao câmbio do dia equivalia a R$ 441,84 (quatrocentos e quarenta e um reais e oitenta e quatro centavos).

O Que Uma Empresa ou Pessoa Fisica Precisa para Poder Vender Carbono?

A adoção e manutenção de atividades relacionadas à sustentabilidade é fator indispensável para que uma corporação ou uma pessoa física possa ser considerada elegível para a venda de Créditos de Carbono. As iniciativas de proteção, preservação, ou recomposição ambientais são pré-requisitos para a compensação de emissões, e a geração de créditos que, então, poderão ser comercializados livremente no mercado, como:

  • Projetos de reflorestamento, com plantio de espécies que promovam a absorção do dióxido de carbono
  • Projetos para a produção de energia renovável e limpa, como a implantação de usinas solares, eólicas, de ondas etc
  • Projetos para a preservação de florestas e biomas existentes, promovendo a proteção das áreas e continuidade de sua ação na captura de CO2
  • Investimento em pesquisa científica e desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à redução e eliminação dos impactos ambientais
  • Projetos que incentivem o manejo sustentável de florestas e outras áreas de preservação

Estes são apenas alguns exemplos, dentre vários que empresas e pessoas físicas podem eleger para gerar créditos de carbono que possam compensar outras emissões, ou ainda, se transformar em uma fonte adicional de renda à atividade já existente. Independente de qual a atividade seja escolhida pela empresa ou pessoa que deseja vender Créditos de Carbono, é imprescindível que a empresa comprove que seu projeto ou operação atende a todos os requisitos para a geração de créditos com a redução dos danos ambientais. É necessário que se comprove estar de um lado contribuindo para o desenvolvimento sustentável, e de outro atuar cooperando para a melhoria do meio-ambiente, para ser considerado apto a vender créditos de carbono.

Brazil Blue Carbon conta com especialistas em diversas áreas, aptos a calcular as emissões através de um Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, considerando as emissões diretas e indiretas da companhia, planejar as estratégias para a Redução das Emissões e desenvolver Programas Diversos através de REDD+ e outras formas de geração planejada. Também damos toda a assessoria e consultoria para a Certificação das áreas e, inclusive para a venda dos ativos.

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